Como identificar se uma empresa é “Black” no Japão — Guia prático para brasileiros
Este artigo ajuda você — que está chegando ou vive há pouco tempo no Japão — a reconhecer sinais de uma “black company” (empresa exploradora) antes de aceitar um emprego e o que fazer caso já esteja trabalhando. A linguagem é direta, com frases úteis em japonês, passo-a-passo e contatos para buscar ajuda.
- 1) O que é uma “Black Company”?
- 2) Sinais de alerta antes de aceitar a vaga (verifique antes da entrevista ou oferta)
- 3) Sinais de alerta na entrevista
- 4) Sinais de alerta após começar (já contratado)
- 5) Documente tudo: checklist para proteger você
- 6) Questões que você pode perguntar à empresa (frases úteis em japonês)
- 7) O que fazer se você já está numa empresa suspeita
- 8) Contatos e recursos úteis no Japão
- 9) Exemplo de mensagem curta para pedir documentação ao empregador (em japonês)
- 10) Se decidir sair: cuidar do processo para não perder direitos
- 11) Checklist rápido antes de aceitar a oferta (imprima)
1) O que é uma “Black Company”?
“Black company” é um termo usado no Japão para empresas que exploram funcionários com más condições: jornadas excessivas, não pagamento de horas extras, contratos enganosos, assédio, demissões ilegais, retenção de documentos, etc. Essas práticas são ilegais, mas ocorrem — especialmente em empregos temporários, fábricas e algumas pequenas empresas.
2) Sinais de alerta antes de aceitar a vaga (verifique antes da entrevista ou oferta)
- Ausência de contrato por escrito — se a empresa não oferece 雇用契約書, cuidado.
- Oferta vaga sobre salário — “pagamos depois” ou “salário por dia” sem detalhes.
- Promessa de muitas horas extras sem detalhar pagamento.
- Processo de seleção rápido demais (sem entrevista técnica, só “comece amanhã”).
- Recrutamento por meio de agências suspeitas que cobram taxa ou pressionam.
- Empresas que pedem o passaporte como condição — nunca entregue passaporte como “depósito”.
- Vagas com benefícios exagerados (salário alto, acomodação grátis) mas sem endereço claro.
- Endereço da empresa não confere no Google Maps / site da corporação /法人番号.
3) Sinais de alerta na entrevista
- “Não registre suas horas extras” / “apenas registre 8h” — sinal vermelho.
- Pressão para aceitar sem tempo para pensar.
- Recusam fornecer contato de ex-funcionários para referência.
- Oferecem pagamento em dinheiro na mão (手渡し) somente, sem recibo.
4) Sinais de alerta após começar (já contratado)
| Sintoma | O que significa |
|---|---|
| Horas extras constantes, sem pagamento | Empresa pode estar fraudando pagamento; ilegal. |
| Pedido para não bater o cartão de ponto (タイムカード) | Tentar esconder horas extras — grave. |
| Atraso ou não pagamento do salário | Problema financeiro da empresa ou má fé. |
| Assédio (moral / sexual) | Ambiente perigoso — tem proteção legal. |
| Obrigação de comprar uniformes muito caros | Transferência de custo ilegal se abusiva. |
| Retenção de documentos (passaporte, carteira) | Ilegal e muito grave — procure ajuda imediatamente. |
5) Documente tudo: checklist para proteger você
- Guarde cópia do contrato (雇用契約書).
- Peça sempre holerite (給与明細) — digital ou impresso.
- Fotografe o cartão de ponto / registre horários (タイムカード / 勤怠)
- Salve e-mails, mensagens de texto, chats de trabalho
- Anote datas e horários de horas extras e conversas importantes
Data / Hora início / Hora término / Intervalos / Observações (ex.: obrigado a ficar até 22:00 sem pagamento)
6) Questões que você pode perguntar à empresa (frases úteis em japonês)
Peça confirmação clara antes de aceitar — copie e leve essas frases para a entrevista:
雇用契約書はありますか? もらえますか?
(Vocês têm contrato de trabalho? Posso receber uma cópia?)給与は月給ですか?時給ですか?総額はいくらですか?
(Salário é mensal ou por hora? Qual o valor total?)残業はどのくらいありますか?残業代はでますか?
(Quanto é a média de horas extras? As horas extras são pagas?)交通費は支給されますか?
(O transporte é pago?)給料は銀行振込ですか?手渡しですか?
(O pagamento é por transferência bancária ou em mãos?)
7) O que fazer se você já está numa empresa suspeita
- Documente tudo (ver checklist acima).
- Converse com RH — peça esclarecimento por escrito.
- Se não resolver, procure Labor Standards Inspection Office (労働基準監督署) — eles investigam falta de pagamento, horas extras e condições de trabalho.
- Procure Hello Work (ハローワーク) para orientação sobre seguro-desemprego e direitos.
- Considere contato com sindicato (労働組合 / RENGO) ou advogado trabalhista.
- Em casos de retenção de documento, ameaça, violência ou prisão de liberdade: contate a polícia (110) e sua embaixada/consulado.
8) Contatos e recursos úteis no Japão
- Labor Standards Inspection Office (労働基準監督署) — fiscaliza condições de trabalho (procure o nome da sua prefeitura + 労働基準監督署).
- Hello Work (ハローワーク) — serviços de emprego e orientação.
- Consulado / Embaixada do Brasil — apoio em casos graves e indicação de serviços.
- Rengō (連合) / sindicatos locais — apoio coletivo e negociação.
- Houterasu (法テラス) — assistência jurídica pública (consulta legal, intérprete em alguns casos).
- Polícia em emergências:
110
Observação: os nomes das agências podem variar por região; vá ao site da sua prefeitura para achar o escritório mais próximo.
9) Exemplo de mensagem curta para pedir documentação ao empregador (em japonês)
お世話になっております。 雇用契約書と給与明細のコピーをいただけますか。よろしくお願いします。 (Português: Olá, poderia por favor me fornecer uma cópia do contrato de trabalho e do holerite? Obrigado.)
10) Se decidir sair: cuidar do processo para não perder direitos
- Peça que o desligamento seja registrado corretamente (離職票) — peça cópia ao RH.
- Se o empregador recusar emitir documentos, leve provas ao Hello Work / 労働基準監督署.
- Se foi demitido (会社都合) ou se teve de pedir demissão sob pressão, explique ao Hello Work (pode afetar o seguro-desemprego).
11) Checklist rápido antes de aceitar a oferta (imprima)
- Contrato por escrito (雇用契約書) — sim / não
- Forma de pagamento (銀行振込 / 手渡し)
- Detalhes de horas extras e pagamento
- Benefícios: transporte, seguro social (社会保険)
- Endereço e telefone da empresa conferidos
- Referências verificadas (ex-funcionários / avaliações)
- Confie nos seus instintos: se algo parecer “bom demais para ser verdade”, pesquise.
- Não entregue documentos pessoais (passaporte) sem necessidade.
- Procure apoio em português quando possível (consulado, comunidades brasileiras).
- Guardar provas é a forma mais forte de proteger seus direitos.

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